AERO Magazine
Busca

Último voo

A despedida do Fokker 100

Após 25 anos de operação, jato deixa sua marca na história da aviação brasileira


Depois de aproximadamente 25 anos de operação no Brasil e de carregar o título de responsável pela popularização do transporte aéreo nacional, o último Fokker 100 (MK28) se despede do país. O voo que encerrou as operações regulares do jato em território brasileiro foi promovido pela Avianca Brasil nesta semana. 

A história dessa aeronave no Brasil começa em meados de 1990. O Fokker 100 foi um dos principais responsáveis pela transformação da TAM de uma companhia aérea regional para uma empresa com posição de destaque na aviação doméstica brasileira. Ainda acumulando progresso sob suas asas, o Fokker 100 também foi responsável por fazer com que a Avianca se mantivesse competitiva e em operação até os dias atuais, pela padronização de sua frota com 14 aeronaves desse modelo, que desde o ano passado, começaram a ser substituídas por aeronaves da fabricante europeia Airbus.

De fabricação holandesa, Fokker 100 voou pela primeira vez em 30 de novembro de 1986, equipado com o que havia de mais moderno no mercado, como Dark Cockpit e Glass Cockpit e motores Rolls-Royce Tay 650-15, que liberavam 15.000 libras de potência cada um com redução de ruído. Mesmo sendo um sucesso de vendas, por permitir que aeroportos menores pudessem então receber jatos turbo-fan, sua produção foi realizada apenas até o ano de 1997 por decisão de sua controladora Daimler Benz Aerospace, devido à má gerência do fabricante.

Assombrado por um passado fatídico, cerca de 29 acidentes envolvendo o Fokker 100 foram registrados ao redor do mundo no período de 1987 a 2014, sendo que o acidente considerado mais grave foi o da TAM em 1996, resultando na perda de 99 vidas entre ocupantes e transeuntes no solo. Este foi o motivo pelo qual a Avianca Brasil decidiu mudar o nome do avião de Fokker 100 para MK28, conforme afirmou José Efromovich antes do embarque do voo de despedida.

Ainda em 2014, um Fokker 100 (MK28) da Avianca Brasil declarou emergência, realizando em seguida um pouso sem o trem de nariz, no Aeroporto de Brasília, em razão de uma falha no sistema de acionamento do trem de pouso, porém sem feridos a bordo.

O voo de despedida do Fokker 100 reuniu convidados em São Paulo, em um clima de alegria, saudade e respeito por esse avião tão importante para a aviação comercial brasileira. Pela última vez o Fokker 100 liberou toda sua potência dos motores Rolls-Royce Tay, já posicionado com flape 15º na cabeceira 35 L do aeroporto de Congonhas. A bordo, a aeronave já apresenta os rastros de uma história longa, o interior já não está tão novo, os assentos demonstram ter transportado milhões de passageiros, mas, ainda assim, o Fokker 100 (MK28) cumpriu seu voo de despedida com a força e a segurança de uma aeronave que demonstra vontade de voar ainda por muitos anos.

Aos amantes deste avião, a boa notícia é que os modelos não serão desmontados ou sucateados. Continuarão voando com a bandeira de outras companhias em territórios onde o valor do querosene de aviação tenham um impacto menor na saúde contábil da empresa aérea. Os primeiros 15 modelos que operavam na Colômbia e outros dois MK-28 que operavam no Brasil foram vendidos em sua totalidade para a Qantas Airways, na Austrália, para cumprir um contrato local que a companhia australiana possui com indústrias de mineiração, os seis modelos restantes serão comercializados também para outras companhias.

Após o voo, de volta ao Aeroporto de Congonhas, onde a aeronave fez seu último pouso em território brasileiro, bombeiros promoveram o tradicional batismo de honra. Homenagem mais que merecida. Mais uma página virada da história da aviação civil brasileira. 

Oswaldo Gomes
Publicado em 26/11/2015, às 12h37 - Atualizado às 13h00


Mais Notícias